segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ditadura, até quando?

 "O Povo sabe melhor lutar para adquirir direitos do que para mantê-los!"
Sábado, 03 de dezembro de 2011, Inês, Isabel, Matheus e eu levantamos às sete horas da matina, mesmo sendo sábado, nos arrumamos e seguimos rumo a estação de trem com destino a estação Julio Prestes.




Na verdade o nosso destino era a Estação Pinacoteca onde se encontra o Memorial da Resistência de São Paulo, uma unidade da Secretaria de Estado da Cultura do Governo de São Paulo.

Este espaço foi inaugurado no dia 24 de janeiro de 2009 e dedica-se à preservação das memórias da resistência e da repressão políticas durante a história republicana do Brasil, de 1889 até os dias de hoje. É um lugar concebido não somente a partir de documentos institucionais, mas também por meio das memórias de cidadãos brasileiros que fazem parte dessa história.


O edifício que hoje abriga o Memorial da Resistência de São Paulo foi a sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social, o famoso DEOPS/SP, no período de 1940 a 1983. Este prédio é um dos símbolos da repressão do país, mas ele também abrigou experiências individuais e manifestações coletivas de resistência.


Nosso intuito foi o de mostrar para o Matheus, um garoto de nove anos de idade, a história da ditadura militar no Brasil e mais especificamente no estado de São Paulo tendo em vista que seu avô, Dr. Kncho Tzankoff, ficou preso no ano de 1972, por cerca de nove meses, no DEOPS/SP.







O crime do Dr. Kncho foi publicar no jornal, em 1971, um texto onde ele afirmava que “o câncer do Brasil era a corrupção”, também dizia que “era necessário fazer a reforma agrária” e por causa disso ele foi considerado comunista e foi preso.








O Dr.Kncho nasceu na Bulgária no ano de 1919, onde se formou em medicina e se especializou em doenças tropicais. Durante a 2ª guerra ele ajudava na fuga de prisioneiros de guerra e por causa disso foi perseguido e teve que fugir do seu país.

Primeiro ele foi para a Turquia onde auxiliou na qualidade de assessor médico para Búlgaros à Organização Internacional de Refugiados. Depois, em 1957, ele veio para o Brasil, e devido a sua especialização em doenças tropicais, foi morar no estado do Pará.

No Pará ele conheceu dona Inês com quem casou no ano de 1960. No ano de 1964, ele e sua esposa vieram para São Paulo onde, em 1966, compraram uma casa no bairro de Presidente Altino, no município de Osasco/SP. Foi nesta casa que nasceram suas filhas, Tzvetana Inês e Tznejanka Isabel.

A ligação que o Dr. Kncho teve com o município de Jandira aconteceu entre os anos de 1976 a 1987, período em que ele trabalhou no seu Instituto de Abreugrafia instalado no centro de Jandira, próximo ao coreto central da cidade.


Dr. Kncho não acreditava no comunismo, ele era adepto da democracia e sempre defendeu, até o fim da sua vida, a justiça social. Foi por acreditar e defender a justiça social que ele foi preso e ficou meses longe da sua família.

Tanto Isabel, a mãe, como Inês, a tia, sempre contaram essa história para o Matheus desde que ele era bem pequeno, mas nada melhor para visualizar uma história que estar no local dos fatos, e lá fomos nós munidos de uma máquina fotográfica e de muita disposição.

O espaço está cheio de memórias que emocionam os visitantes e principalmente aqueles que tiveram algum parente preso naquele local na época da ditadura militar, Isabel chorou.


Não sei se foi coincidência ou não, mas quando cheguei em casa que entrei no facebook a primeira coisa que vi foi a postagem da foto tirada em 1970 da presidente Dilma com 22 anos, depois de ter sofrido 22 dias de tortura, respondendo a um interrogatório  na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro.

A ditadura fez muitas vítimas. Gente que morreu lutando por liberdade e igualdade. Liberdade e igualdade de pensar e agir, liberdade e igualdade de expressão, liberdade e igualdade de decisão, liberdade e igualdade pra dizer sim ou não, liberdade e igualdade de participação, liberdade e igualdade ...

Hoje, a liberdade que temos é a falsa impressão de liberdade porque não existe liberdade quando não existe igualdade.

Não existe liberdade quando a educação disponibilizada ao povo é uma educação que cria analfabetos funcionais. Uma educação que não ensina a pensar e sim a obedecer.

Um povo que não consegue formar suas próprias opiniões sempre acabará vivendo sob o juízo daqueles que fazem a interpretação do mundo a partir do seu próprio umbigo. Isso não é liberdade! Isso não é igualdade! Isso é manipulação!

ffMorais

Todas as fotos foram tiradas por ffMorais.

Álbum de fotos

Maquete do local




Neste corredor, onde aparecem Inês e Matheus, era onde os presos tomavam sol uma vez por semana
Dom Paulo Evaristo Arns - Arcebispo de São Paulo




 

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