sábado, 11 de junho de 2011

Dizem que a voz do povo é a voz de Deus, será que é verdade?

Décima Segunda Estação
Quando olhamos a história vemos que ela está repleta de lições de contrastes, como exemplo podemos citar a crucificação de Jesus que talvez seja o exemplo mais dramático dos extremos que se acham na Bíblia.

“Pilatos, voltando-se para o povo, propõe:

- Qual quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus, o que se chama Cristo?
Pretendia com isso salvar Jesus, pois estava certo de que o povo não iria preferir a libertação de Barrabás, homem cruel, cuja perversidade era por todos conhecida. Mas aconteceu o que Pilatos não previra: os principes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás.


Assim se deu: o povo optou por Barrabás. Visivelmente contrariado, o governador romano perguntou ainda o que devia fazer de Jesus. Todos responderam a um só tempo:

- Crucifica-o!

Pilatos insiste:

- Que mal fez ele?

Os gritos repetem-se mais vigorosos:

- Crucifica-o! Crucifica-o!"

Neste caso permanece o fato de que Jesus, um homem de elevada nobreza, foi trocado por Barrabás, um homem de má fama. O bem versus o mal o maior contraste da humanidade.



Da mesma forma temos o caso da Alemanha nazista onde grande parte da população além de apoiar Hitler e o regime nazista também serviu de voluntária no fuzilamento de milhares de pessoas indefesas.


Conforme Eric Voegelin, a ascensão de Hitler ao poder e suas conseqüências gira em torno do “princípio antropológico”, ou seja, uma sociedade é um ser humano “em ponto grande” e a sua qualidade está determinada pelo caráter moral dos seus membros. A Alemanha dos anos 30 revelava uma profunda deficiência espiritual, intelectual e moral. Como escreveu Hermann Broch, existia uma misteriosa cumplicidade no mal dos que não pareciam ser maus.Como Karl Kraus e Thomas Mann escreveram, uma população tornara-se “populaça” ao esquecer a capacidade humana de procurar a verdade acerca da existência e de viver segundo essa verdade. Havia falta de humanidade, “estupidez radical”, “falta de reflexão”, segundo Hannah Arendt.

Como podemos observar, tanto no caso da crucificação de Jesus Cristo como no genocídio de milhares de pessoas cometido pelos nazistas, bem como em vários outros eventos de violência, o povo na maioria das vezes errou por ação ou por omissão.

Logo se Deus é bondade, compaixão, vida... então a voz do povo não pode ser a voz de Deus.

A Constituição brasileira em seu artigo 1º, Parágrafo único diz: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Será que isto é verdade?

Quando é que o povo exerce esse poder?

Será que o povo quer exercer esse poder?

Será que o povo está preparado para exercer esse poder?

Quando é que o povo exige o seu direito de exercer esse poder?

O povo aceita calado e pacífico a dominação exercida por uns poucos que detém a grana e as armas.

O povo não é livre porque tem medo da liberdade devido as responsabilidades que ela acarreta.

É mais fácil cobrar o outro do que cobrar de si mesmo.

É mais cômodo culpar o outro do que assumir os próprios erros.

O povo é negreiro dele mesmo.

ffMorais

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