quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Comunidade da Favela Do Moinho

São Paulo: Moradores da Comunidade do Moinho: Carta aberta à população
Por Comunidade da Favela Do Moinho, via CIMI- Brasil
01/01/2012
Carta aberta a População – Sob ataque violento da GCM com adultos, crianças e gestantes.

A Comunidade do Moinho ante o descaso humano do poder público municipal para o diálogo civilizado na construção de um projeto concreto de moradia, trabalho, educação e meio ambiente, vem a público manifestar-se para impedir distorções das informações.

Nossa Comunidade conhecida como a Favela do Moinho, em 2006 era compostas por 576 famílias, hoje perdemos a conta; estima-se mais de mil famílias que se juntaram a comunidade por despejos, desocupações, incêndios que ocorreram em diversas áreas da cidade, “acidentes” ou por higienização.

A Comunidade do Moinho originalmente formada por carroceiros catadores de materiais recicláveis que coletam na cidade uma média de 200 toneladas de material, sem apoio de nenhuma esfera do poder público, pelo contrário, as carroças têm sido confiscadas e os depósitos que compram materiais reciclados fechados pelo município.

O projeto que desejamos é continuar trabalhando pela cidade e meio ambiente. Não podemos ir para longe do centro onde atuamos há mais de 10 anos e nossos filhos estudam. E aqui queremos nos fortalecer criando um sistema de reciclagem organizado que gere mais emprego e renda diminuindo a vulnerabilidade dos jovens a criminalidade urbana. Além disso, construímos alianças com projetos culturais que visam à ampliação de oportunidades aos nossos jovens.

Em 27/12/2011 sob ataques violentos da GCM (Guarda Civil Metropolitana), lançamos este documento. E aqui publicamente solicitamos pela 5ª vez uma audiência com o Secretário de Habitação Municipal que não nos atende nem com solicitação de Sua Excelência Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, para ouvir um projeto digno de vida nesta cidade.

O Bolsa Aluguel de R$ 300,00 por mês é um paliativo talvez necessário que não aceitaremos como solução definitiva. Apenas como a primeira fase de um sério programa de moradia, onde possamos garantir um presente digno e um futuro melhor para nossas famílias (e por que não para todos) que querem um cidade mais limpa, organizada e sintonizada com os modelos de sustentabilidade, que os carroceiros daqui fazem a anos mesmo sem conhecer a palavra ?sustentabilidade?.

Por isso pedimos mais educação e oportunidade! Mais diálogo e respeito pela nossa perspectiva de futuro e menos arrogância.

Comunidade da Favela Do Moinho

O Moinho Central, nome oficial dado ao conjunto de prédios de seis andares e seis silos, está localizado na Alameda Nothman, entre a rua Anhaia e a alameda Dino Bueno.

Ocupa um amplo terreno entre os dois ramais da Rde Ferroviária Federal (RFFSA), nos bairros dos Campos Elíseos, Bom Retiro e Barra Funda.

O Moinho possuia seis silos, dos quais hoje restam apenas três e prédios de seis andares que funcionou até o começo dos anos 60 quando foi  completamente abandonado.

A partir da década de 80, com os prédios em ruínas, o terreno em torno começou a ser invadido dando origem à Favela do Moinho.

Conforme relato do blog MH2O - SP HIP HOP RESISTÊNCIA, "há anos os moradores do Moinho resistem ao despejo e às intimidações, e como já virou costume nessas situações (por exemplo, lembremos aqui o caso da favela Diogo Pires, no Jaguaré, ou o caso da Favela do Real Parque, no Morumbi), um incêndio dificulta ainda mais a situação das famílias, e serve de desculpa para removê-las e impedir a reocupação da área. Nesse caso não sabemos detalhes, mas em vários outros os incêndios ocorrem na mesma época em que são contratadas grandes empreiteiras para realizar obras nessas áreas (obras que exigem a remoção dos moradores); além disso, vários desses incêndios são flagrantemente criminosos, há uma grande demora na chegada dos bombeiros, e não há qualquer investigação sobre suas verdadeiras causas. Portanto, um jeito muito eficiente para destruircomunidades pobres, que são verdadeiras “pedras no caminho” do capital imobiliário, e de seus comparsas e lacaios que povoam a burocracia estatal.

No caso do Moinho, uma vez mais a alternativa apresentada pela Prefeitura é o bolsa-aluguel de 300 reais, mas, na carta, os moradores do Moinho deixam claro que não vão engolir isso como se fosse a “solução” para suas demandas por moradia."
ffMorais

Um comentário:

  1. MORADIA DE BAIXA RENDA é um problema social que está "debaixo de nossos narizes" e só não tem solução pelo simples fato, FALTA POLÍTICA PÚBLICA.

    Todos nós sabemos que é prática antiguissíma no Brasil de grilagem de terras por latifundiários a utilização do fogo para expulsar os pobres de suas propriedades.

    É o que aconteceu na FAVELA DO MOINHO em São Paulo, que apesar do Brasil ser um "Estado Democrático de Direito", vale mais que a lei o PODER ECONÔMICO.

    Não se trata aqui de um manifesto inflamado de "esquerda", mas sim a constatação nua e crua de uma realidade que não pode deixar de ser mencionada, LUTA DE CLASSES SOCIAIS.

    Não é segredo de ninguém que uma ds "bandeiras políticas" defendidas pelo Prefeito Gilberto Kassab foi o PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DO CENTRO DE SÃO PAULO.

    Por trás dos ideais do resgate arquitetônico e histórico, está embutido o grande vilão da estória - ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA.

    O gestor do Projeto do Centro é nada menos que Andréa Matarazzo, um dos proprietários do imóvel onde se formou a FAVELA DO MOINHO.

    Área privilegiada tanto para o comércio como para moradias destinadas a classe média, nada melhor do que um "trágico acidente" para "REMOVER A FORÇA" os desafortunados, "jogá-los" para os lugares escondidos dos arredores mais longíquos de São Paulo para que alguns poucos "ganhem MUITO DINHEIRO" com a especulação imobiliária.

    Longe da Administração Pública paulistana aplicar as medidas jurídicas previstas na Lei 10.257/2001 (ESTAUTO DA CIDADE), medidas estas que puniriam os proprietários do imóvel que deixou de cumprir com sua função social e que por outro lado, seria a base legal para beneficiar as pessoas necessitadas na garantia do direito constitucional de MORADIA.

    Utilizar o ESTATUTO DA CIDADE não compensa politicamente, já que demanda desgastes com pessoas poderosas, aliados políticos, financiadores de campanha ...

    Se por um lado o administrador público NÃO USA A LEI em favor dos menos favorecidos, os maiores ineresados podem usá-los a seu fabvor e garantir sim, o tão sonhado DIREITO DE MORADIA !

    USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO COLETIVO - instrumento jurídico pouco utilizado e de grande valia aos movimentos sociais.

    A batalha não é fácil, já que os interesses econômicos sempre se sobrepõem aos SOCIAIS, porém a articulação dos moradores da FAVELA DO MOINHO pode dar uma destinação diferente aos interesses dos grandes ESPECULADORES IMOBILIÁRIOS!

    Se de um lado temos Andréa Matarazzo contra os moradoes do moinho, por outro, temos EDUARDO SUPLICY, um Matarazzo preocupado com ideias de defesa dos menos favorecidos.

    Boa Sorte MORADORES DO MOINHO, não desistam da LUTA!

    Vou deixar meu contato para trocas de informações: tzvetana@ig.com.br

    Saudações Libertárias,

    Dra. Tzvetana Inês
    Advogada e membro do PSOL Jandira

    ResponderExcluir